Free cookie consent management tool by TermsFeed

Utilize o teclado para navegar, com Ctrl + nº da tecla

  Menu   Conteúdo   Busca   Lei Geral de Proteção de Dados   Acessibilidade
  Fonte Maior   Fonte Maior   Fonte Padrão
  Cor Original   Contraste
Notícias

Brasileiras se unem para entrar no mapa dos biológicos


Fonte: Folha de S. Paulo
Data de publicação: 18 de junho de 2015
Créditos: Filipe Oliveira

Parcerias entre empresas brasileiras, multinacionais, laboratórios públicos e governo buscam colocar a indústria brasileira no mercado mundial de medicamentos biológicos.

Ramo dos mais promissores da indústria farmacêutica, a produção de remédios biológicos deve ter crescimento de vendas a taxas de 10% ao ano até 2020 e alcançar um valor de movimentação anual de US$ 290 bilhões, segundo a consultoria Persistence Global Market.

Mais complexos e caros do que os sintéticos, os biológicos são produzidos a partir de células vivas, submetidas a técnicas de engenharia genética e biotecnologia.

Quatro laboratórios brasileiros devem investir ao menos R$ 1,6 bilhão no desenvolvimento desses medicamentos nos próximos anos. A maior parte dos recursos virá de financiamento do BNDES.

Em parceria com multinacionais e laboratórios públicos, as empresas irão produzir biossimilares (remédios que possuem efeitos comparáveis aos originais) de sete medicamentos cujas patentes vão expirar até 2020.

A iniciativa segue o caminho da criação do mercado de genéricos no país, no final dos anos 1990. As empresas brasileiras entrarão no mercado produzindo o que já foi desenvolvido no exterior. A seguir, a partir do conhecimento adquirido no processo de transferência de tecnologia, espera-se que criem produtos inovadores, diz Pedro Palmeira, chefe de departamento do BNDES.

LANÇAMENTO

Há perspectivas de que produtos 100% nacionais sejam lançados em breve. O laboratório Cristália aguarda a aprovação da Anvisa para produzir uma pomada para tratamento de feridas feita a partir da enzima colagenase.

Diferentemente do produto similar disponível atualmente, a enzima desenvolvida pela empresa é feita a partir de substrato vegetal, o que elimina o risco de contaminação animal, diz Ogari Pacheco, presidente da Cristália.

A Bionovis, formada em 2012 a partir da parceria entre quatro indústrias nacionais para produzir medicamentos biológicos, também tem pesquisas para desenvolver seus próprios produtos.

Odnir Finotti, presidente da empresa, conta que a companhia irá investir US$ 75 milhões para sua primeira linha de medicamentos, hoje em fase de testes. A Bionovis não revela detalhes sobre os itens em desenvolvimento.

A empresa espera ter sua linha de produção montada no final de 2016 e prevê produzir os itens desenvolvidos por ela a partir de 2018.

País pode economizar R$ 5 bi ao ano

O governo federal pretende economizar R$ 5,3 bilhões por ano com a produção local de sete medicamentos biológicos cuja tecnologia está sendo transferida ao país.

Hoje, eles consomem R$ 2,8 bilhões dos R$ 12,7 bilhões do orçamento do SUS (Sistema Único de Saúde) destinado à compra de remédios, segundo o Ministério da Saúde.

A estimativa do valor a ser economizado leva em conta um aumento do uso desses medicamentos, diz Jarbas Barboza, secretário de ciência tecnologia e insumos estratégicos do Ministério da Saúde. A expectativa é de que ele seja alcançado em dez anos.

A transferência de tecnologia é feita por meio das PDPs (Parcerias de Desenvolvimento Produtivo). Nelas, uma multinacional que domina a manufatura de um medicamento com patente a vencer transfere essa tecnologia a um laboratório brasileiro privado, associado a um público.

O governo se compromete a comprar esses medicamentos das empresas inseridas no programa, assim que a sua produção começar. Já foram firmadas 18 parcerias.

Apesar de o programa significar o início da indústria de biológicos no Brasil, o atraso do país no setor preocupa. "Mesmo após o desenvolvimento dos genéricos, importamos 86% dos princípios ativos usados nos medicamentos para serem embalados aqui", afirma Antonio Britto, presidente-executivo da Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa).

Segundo sua avaliação, a Anvisa definiu uma boa regulamentação do setor de biológicos, o que garante segurança e possibilidade de inovar. Porém falta uma maior integração dos centros de estudo nacionais às redes mundiais de pesquisa.


topo